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Atualizado em 5 DE setembro DE 2013 ás 15:48

Vital Brazil: Compromisso com a saúde pública, educação e popularização da ciência

O cientista fundou o Instituto Butantan e foi um dos principais líderes das ações de controle da peste bubônica no Brasil.

POR MARIANA ALCÂNTARA - RIO DE JANEIRO*
alcmariana@gmail.com

Durante toda a sua trajetória profissional, Vital Brazil Mineiro da Campanha realizou um grande trabalho em favor da saúde pública brasileira, sobretudo, enfrentando os acidentes causados com animais venenosos.  Ao final do século XIX, o cientista foi um dos principais líderes das ações de controle da peste bubônica no Brasil, com resultados tão rápidos e eficientes que a ação ficou conhecida como algo inédito no país e muito raro em todo o mundo.

Embora tenha contraído a doença, dois meses foi o tempo suficiente para que o cientista, recuperado, fundasse o Instituto Butantan e, um ano e meio depois, em junho de 1901, já produzia os primeiros soros nacionais contra a peste. O Instituto que é vinculado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, é um dos maiores centros de pesquisa biomédica do mundo. Produz boa parte dos soros e vacinas do Brasil.

A história de vida de Vital Brazil foi cenário de grandes dificuldades. Seu sonho de ser médico era obstaculizado pela pouca condição financeira da sua família. Trabalhou durante algum tempo realizando diversos tipos de serviço antes de conseguir concretizar o sonho de entrar na faculdade de medicina. Ao formar-se, em 1892, obteve em São Paulo o emprego de inspetor sanitário, o que lhe permitiu aperfeiçoar habilidades como pesquisador e viver no cotidiano a experiência de observar as doenças contagiosas que vitimavam, sobretudo, a população mais pobre do país.

Atualmente, como forma de manter vivo o brilhante legado deste cientista, instituições como o IVB, a Casa de Vital Brazil e mais recentemente a Rede Vital para o Brasil têm o papel de investir constantemente na pesquisa e na produção de soluções para os diferentes problemas na área de saúde pública.

Atualmente, como forma de manter vivo o brilhante legado deste cientista, instituições como o IVB, a Casa de Vital Brazil e mais recentemente a Rede Vital para o Brasil têm o papel de investir constantemente na pesquisa e na produção de soluções para os diferentes problemas na área de saúde pública.

Vital Brazil passou a estudar as serpentes quando clinicava em Botucatu, SP, em 1896, levando-as até mesmo para a sua própria casa. Era procurado pela população em caso de acidentes com estes animais, e por isso focava as suas observações na verificação das diferentes espécies de cobras e os sintomas de cada picada, além de tentar compreender as crenças populares sobre quais soluções deveriam ser tomadas em caso de acidentes com as cobras. No entanto, foi ao testemunhar a morte de uma garota por causa do efeito do veneno expelido na picada de uma cobra que o cientista decidiu dedicar-se de forma definitiva a encontrar uma solução para este problema que ceifava tantas vidas.

Já de volta a São Paulo, em 1897, o cientista criou um serpentário anexo à sua casa com recursos próprios, onde conduzia as pesquisas. Na criação do Instituto Butantan por causa da epidemia de peste bubônica em Santos, São Paulo, Vital Brazil conseguiu estender as suas pesquisas sobre o veneno de serpentes. Nesse período, defendeu a sua grande descoberta: comprovou que o soro desenvolvido a partir do veneno de jararaca não era eficaz nos casos de picadas de outras cobras, como a cascavel. Compreendeu-se então que, para cada veneno, era necessária a criação de um soro específico.

A descoberta de Vital Brazil o fez o primeiro cientista em todo o mundo a conseguir comprovar a existência de um mecanismo imunológico que responde de maneira diferente aos tipos diversos de toxinas. O Brasil esteve, pela primeira vez, no mesmo patamar do primeiro time da ciência mundial. No entanto, isto não bastou ao cientista. O desafio a partir de então era entender como produzir o soro em quantidade suficiente e como fazê-lo chegar aos locais mais distantes. A partir de então, Vital Brazil iniciou uma grande caminhada junto à população para tornar possível uma queda drástica do número de óbitos por acidentes ofídicos no país.

Mais tarde, tendo se afastado do Instituto Butantan por razões políticas, o cientista funda mais uma instituição científica, o Instituto Vital Brazil (IVB), que logo ganha também destaque na produção de soros, vacinas e produtos farmacêuticos e veterinários. Dedicou-se por muito tempo a programas de conscientização da sociedade e a dar oportunidade para que estudantes se especializassem na área. Vital Brazil doou a patente do soro antiofídico à humanidade, não obtendo nenhum proveito financeiro pela sua descoberta. Atualmente, como forma de manter vivo o brilhante legado deste cientista, instituições como o IVB, a Casa de Vital Brazil e mais recentemente a Rede Vital para o Brasil têm o papel de investir constantemente na pesquisa e na produção de soluções para os diferentes problemas na área de saúde pública. Para saber mais, acesse: www.museuvitalbrazil.org.br .

*Mariana Alcântara é jornalista da Agência de Notícias Ciência e Cultura.

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