Conversa com o pesquisador ocorreu no último dia 24, na Faculdade de Comunicação da UFBA, e discutiu cultura científica e percepção pública da Ciência
POR REBECA ALMEIDA*
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A Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom – UFBA) recebeu na tarde desta quinta-feira, 24, criador e coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da Universidade Estadual de Campinas (Labjor-Unicamp), Carlos Vogt, para uma conversa sobre Cultura Científica e Percepção Pública da Ciência. Conforme esperado, o professor trouxe noções de cultura científica, além de trabalhar juntos conceitos complexos como Ciência e Cultura de maneira que eles auxiliem na disseminação da cultura científica. Com o título “Cultura Científica e Percepção Pública da Ciência”, a palestra teve a promoção da Facom, do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA e da Academia de Ciências da Bahia (ACB).
A cultura científica, segundo Vogt, trata-se de um tipo particular de cultura, onde assume as generalidades no mundo contemporâneo, construída pelo “conjunto de fatores, eventos e ações do homem nos processos sociais voltados para a produção, a difusão, o ensino e a divulgação do conhecimento científico”. Para tanto, a compreensão desses fatores leva em conta a importância de uma comunicação pública da ciência, que seja capaz de dar conta de popularizar o conhecimento científico.
Dessa forma, a teoria da “espiral da cultura científica”, tem o objetivo de representar a dinâmica constitutiva das relações inerentes e necessárias entre ciência e cultura. Segundo Vogt, a teoria funciona da seguinte forma: são 4 quadrantes, sendo que “toma como ponto de partida a dinâmica da produção e da circulação do conhecimento científico entre pares, isto é, da difusão científica, a espiral desenha, em sua evolução, um segundo quadrante, o do ensino da ciência e da formação de cientistas; caminha, então, para o terceiro quadrante e configura o conjunto de ações e predicados do ensino para a ciência e volta, no quarto quadrante, completando o ciclo, ao eixo de partida, para identificar aí as atividades próprias da divulgação científica”.
Segundo afirmação no artigo A Espiral da cultura científica, publicado no site Com Ciência, Vogt afirma que o importante é observar que “nessa forma de representação, ao cumprir o ciclo de sua evolução, retornando ao eixo de partida, não regressa, contudo, ao mesmo ponto de início, mas a um ponto alargado de conhecimento e de participação da cidadania no processo dinâmico da ciência e de suas relações com a sociedade, abrindo-se com a sua chegada ao ponto de partida, em não havendo descontinuidade no processo, um novo ciclo de enriquecimento e de participação ativa dos atores em cada um dos momentos de sua evolução”.
Esse modelo, segundo Vogt, é fundamental na garantia de aumento da participação popular e também da compreensão da ciência. Outro tema abordado pelo pesquisador durante a exposição foi relacionado com os indicadores de cultura científica que, de acordo ele, trata-se de um aparato para a tomada de decisões públicas, fundamental para incentivar “a comunicação da ciência e o desenvolvimento de sistemas para a participação de diferentes atores em questões que envolvem temas ligados à C&T”.
Vogt acredita que os indicadores são importantes para compreender o discurso científico inserido na sociedade contemporânea. Para ele, a assertividade do discurso está relacionada com percepção da ciência como verdade. “Uma afirmação é um enunciado de uma verdade. Um enunciado afirmativo traz o compromisso de quem diz com a verdade do que é dito.”
*Estudante de jornalismo na Faculdade de Comunicação e repórter da Agência de Notícias em CT&I – Ciência e Cultura da Ufba