Dentre as culturas com potencial produtivo de óleo para biocombustível, o pinhão manso apresenta as melhores condições, já que possui boa produtividade e não compete com os alimentos
Por Silvana Pereira*
silvana.interativa@gmail.com
O etanol e o biodiesel são os assuntos em voga quando se trata da economia brasileira atual. O pinhão manso desponta como uma oleaginosa de grande interesse dentro deste contexto, pois, além de apresentar as condições técnicas necessárias para geração do biodiesel, pode ser cultivado em pequenas propriedades, tornando-se uma alternativa financeira para pequenos produtores das regiões semiáridas do Brasil, podendo atender ainda ao Programa de Agricultura Familiar do governo brasileiro.
Dentre as culturas com potencial produtivo de óleo para biocombustível, o pinhão manso apresenta melhores condições, pois, além de apresentar boa produtividade, não compete com os alimentos, já que seu óleo não é comestível como ocorre com o milho e a soja. Havendo outras vantagens desta oleaginosa no que se refere à cultura para pequenos agricultores e produção de matéria-prima para biocombutíveis, como por exemplo: planta perene com longo ciclo produtivo que pode chegar a 40 anos e manter a média de produtividade de duas toneladas ou mais por hectare; a recuperação de áreas degradadas; a possibilidade de plantar em áreas marginais, de baixa fertilidade e em regiões que sofrem com escassez de chuva e ainda, permite o uso em consórcio com outras culturas como feijão, milho, abóbora e melancia, tornando assim a sua utilização mais propícia para agricultura familiar.
O uso da biomassa residual de pinhão manso para obtenção de produtos de alto valor agregado configura uma ferramenta importante para o aumento da viabilidade econômica do uso da planta como matéria-prima para produção de biodiesel. Ser possível agregar, ainda, valor à cadeia produtiva e viabilizar a produção de pinhão manso para agricultura familiar e para produção de biodiesel de forma que sua produção se torne viável economicamente sendo incorporado ao PNPB.
Um dos maiores entraves do desenvolvimento do PNPB é a obtenção de matéria- prima para produção de biodiesel (plantas oleaginosas), que deve atender a todas as características desejadas que tornem esse produto técnica e economicamente viável e ambientalmente adequado. Outro desafio está relacionado ao aproveitamento da biomassa residual da produção de oleaginosas. Por biomassa entende-se todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica, de origem animal ou vegetal, que pode ser utilizada na produção de energia. São todos os organismos biológicos que podem ser aproveitados como fontes de energia. O pinhão já encontra entusiastas em várias regiões do país, que afirmam a intenção de investir crescentemente em seu cultivo. O sucesso dos empreendimentos certamente passa por compreender e superar as primeiras dificuldades e conflitos evidenciados.
O professor de Toxicologia e Farmacologia da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Mauro Bitencourt, afirma que o extrato antibacteriano de pinhão manso constitui uma perspectiva para obtenção de antibiótico natural por apresentar evidente atividade antimicrobiana. Ainda dentro deste contexto pinhão manso se apresenta como uma excelente alternativa para produção do biodiesel, desde que produtos com alto valor agregado sejam obtidos a partir da sua biomassa para viabilizar o plantio em escala industrial, assim como dentro do Programa de Agricultura Familiar.
*Designer, estudante do Curso de Especialização em Jornalismo Científico e tecnológico da Facom-Ufba
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